quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Paula Rego ''Biografia''

Desde menina que para Paula Rego, filha única, o seu lugar de eleição é um quarto onde se possa desenhar e pintar. Este seu mundo de silêncio, de reflexão e de procura em contraponto ao banal, ao superficial, ao fácil e ao imediato permite-lhe reflectir sobre a solidão, o medo, as magoas, as fantasias da infância e a fragilidade humana. Com a sua criatividade desafia as instituições políticas e familiares, o abuso da autoridade e denuncia as ameaças e humilhações, a violência física e psicológica a que as mulheres estão sujeitas no espaço doméstico.


A exposição de Paula Rego na Colecção Manuel de Brito tem obras que vão dos anos 60 ate 2008 e abrangem as diferentes fases da artista desde as colagens, os objectos em pano, desenhos em que os animais agem como seres humanos, as grandes pinturas das Óperas, Cármen e jenufa, ilustrações de livros de Camilo Castelo Branco e Eric Jourdan, um estudo para o grande painel da National Gallery de Londres e trabalhos significativas das principais series de obras gráficas. Pela primeira vez vamos apresentar um novo desenho, de 2008, inspirado no livro do escritor chileno José Donoso, A Casa de Campo, intitulado a Marquesa saiu às Cinco e a nova serie de gravuras Mutilação Genital Feminina e A Noiva. Tal como na serie do aborto Paula Rego aborda novamente um tema polémico. Com a acutilância e o rigor com que a artista trata estes assuntos prementes somos novamente confrontados com a violência física a que estão sujeitas tantas meninas. Ninguém pode ficar indiferente perante estas imagens.
Texto de Maria Arlete Alves da Silva

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